sexta-feira, 22 de março de 2013

A Maldição dos Nazarenos

Outra indicação da sobrevivência da observância do sábado entre os cristãos judeus na
Palestina se torna evidente, ainda que indiretamente, pelo teste introduzido pelas autoridades
rabínicas para detectar a presença de cristãos na sinagoga. O teste consistia de uma maldição que
era incorporada na Oração diária–Shemoneh Esreh–e devia ser pronunciada contra os cristãos por
qualquer participante nos serviços da sinagoga. Marcel Simon relata o texto palestino da
maldição e também sugere a data de sua introdução, aceita pela maioria dos estudiosos: “É da
sugestão de J. Gamaliel II, pouco depois da queda de Jerusalém e, muito provavelmente por volta
do ano 80 A.D., que foi introduzido no Shemoneh Esreh, a famosa fórmula contra o Minin: “Que
os apóstatas não tenham esperança e que o império do orgulho seja prontamente destruído em
nossos dias. Que os nazarenos e os Minin pereçam em um instante; que eles todos sejam
apagados do livro da vida, e que não sejam contados entre os justos. Bendito sejas Tu, ó Deus,
que abates os soberbos”.72
O testemunho de diversos Pais da Igreja confirma que essa maldição era regularmente
pronunciada nas sinagogas.74 Jerônimo, por exemplo, escreve explicitamente: “Três vezes
diariamente, em todas as sinagogas, amaldiçoam-se os cristãos, sob o nome de nazarenos”.75 O
propósito da fórmula não era simplesmente amaldiçoar os cristãos como apóstatas, mas, como
observa Marcel Simon, constituía “um teste confiável” para descobri-los. Ele explica que “como
todos os membros da comunidade podiam ser convocados, na ausência dos sacerdotes oficiais,
para oficiar no culto público, o método era certo: o participante contaminado com heresia tinha
necessariamente que hesitar em pronunciar, com esta bênção, sua própria condenação. O
Talmude declarava claramente: “Sempre que alguém cometer um engano em qualquer benção do
Minin, deve ser chamado de volta ao seu lugar porque, supostamente, é um Min”.

Se Yeshua não existiu porque da maldição?


M. Simon, Verus Israel: éstudes sur les relations entre chrétiens et juifs dans l’empire romain, 1964,
p. 235. A data 80-90 A.D. para a introdução da maldição é aceita por praticamente todos os
estudiosos. Para uma maior bibliografia, ver W. Schrage, “aposunagwlou”, TDNT VII, p. 848;
James Parkes, The Conflict of the Church and Synagogue, 1934, pp. 77-78 corrobora a data da
maldição com a argumentação seguinte:”Esta declaração, o Birkath-ha-minin, foi composta por
Samuel, o pequeno, que viveu na segunda metade do primeiro século. Sua data exata não sabemos
mas era contemporâneo de Gamaliel II, que presidiu Jabne de 80 a 110, e era conhecido de dois
rabinos que foram mortos na captura de Jerusalém em 70. Podemos, portanto, concluir que era mais
velho que Gamaliel, e assim data a maldição, composta por ele entre 80 e 90; conforme também o diz
C.M. Dugmore, The Influence (nota 23) p. 4.


Livro Do Sabado Para o Domingo Samuele Bacchiocchi

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