Outra indicação da sobrevivência da observância do sábado entre os cristãos judeus na
Palestina se torna evidente, ainda que indiretamente, pelo teste introduzido pelas autoridades
rabínicas para detectar a presença de cristãos na sinagoga. O teste consistia de uma maldição que
era incorporada na Oração diária–Shemoneh Esreh–e devia ser pronunciada contra os cristãos por
qualquer participante nos serviços da sinagoga. Marcel Simon relata o texto palestino da
maldição e também sugere a data de sua introdução, aceita pela maioria dos estudiosos: “É da
sugestão de J. Gamaliel II, pouco depois da queda de Jerusalém e, muito provavelmente por volta
do ano 80 A.D., que foi introduzido no Shemoneh Esreh, a famosa fórmula contra o Minin: “Que
os apóstatas não tenham esperança e que o império do orgulho seja prontamente destruído em
nossos dias. Que os nazarenos e os Minin pereçam em um instante; que eles todos sejam
apagados do livro da vida, e que não sejam contados entre os justos. Bendito sejas Tu, ó Deus,
que abates os soberbos”.72
O testemunho de diversos Pais da Igreja confirma que essa maldição era regularmente
pronunciada nas sinagogas.74 Jerônimo, por exemplo, escreve explicitamente: “Três vezes
diariamente, em todas as sinagogas, amaldiçoam-se os cristãos, sob o nome de nazarenos”.75 O
propósito da fórmula não era simplesmente amaldiçoar os cristãos como apóstatas, mas, como
observa Marcel Simon, constituía “um teste confiável” para descobri-los. Ele explica que “como
todos os membros da comunidade podiam ser convocados, na ausência dos sacerdotes oficiais,
para oficiar no culto público, o método era certo: o participante contaminado com heresia tinha
necessariamente que hesitar em pronunciar, com esta bênção, sua própria condenação. O
Talmude declarava claramente: “Sempre que alguém cometer um engano em qualquer benção do
Minin, deve ser chamado de volta ao seu lugar porque, supostamente, é um Min”.
Se Yeshua não existiu porque da maldição?
M. Simon, Verus Israel: éstudes sur les relations entre chrétiens et juifs dans l’empire romain, 1964,
p. 235. A data 80-90 A.D. para a introdução da maldição é aceita por praticamente todos os
estudiosos. Para uma maior bibliografia, ver W. Schrage, “aposunagwlou”, TDNT VII, p. 848;
James Parkes, The Conflict of the Church and Synagogue, 1934, pp. 77-78 corrobora a data da
maldição com a argumentação seguinte:”Esta declaração, o Birkath-ha-minin, foi composta por
Samuel, o pequeno, que viveu na segunda metade do primeiro século. Sua data exata não sabemos
mas era contemporâneo de Gamaliel II, que presidiu Jabne de 80 a 110, e era conhecido de dois
rabinos que foram mortos na captura de Jerusalém em 70. Podemos, portanto, concluir que era mais
velho que Gamaliel, e assim data a maldição, composta por ele entre 80 e 90; conforme também o diz
C.M. Dugmore, The Influence (nota 23) p. 4.
Livro Do Sabado Para o Domingo Samuele Bacchiocchi
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