OBJETIVO
Este artigo visa refutar os argumentos mais
freqüentes de que o Brit Chadasha (`Novo' Testamento)
tenha sido escrito em grego. Cremos que, de acordo
com os fortes indícios históricos e lingüísticos, o
mesmo tenha sido escrito em línguas semitas
(Hebraico e Aramaico, o qual é um dialeto do
Hebraico), pois seus escritores eram todos judeus
ou prosélitos do Judaísmo.
PRIMEIRO ERRO: "OS MANUSCRITOS ANTIGOS ESTÃO
EM GREGO"
RESPOSTA:
Mesmo que isso fosse verdade, por si só, não
garante que os originais eram em grego. Veja que
ninguém jamais discutiu a língua em que o livro de
Ester foi escrito. E, no entanto, até pouco tempo
atrás, a cópia no hebraico mais antiga que
possuíamos datava da idade média. Sendo que a cópia
mais antiga de Ester no grego data do século IV.
No entanto, ninguém duvida que o original foi
escrito no hebraico.
Além disto, o manuscrito em grego mais antigo que
temos data do século IV, que é A MESMA
ÉPOCA da qual data o manuscrito aramaico mais
antigo. Os fragmentos anteriores a isso são como o
próprio nome já diz apenas fragmentos, e mesmo
assim concordam mais com a estrutura de frase do
aramaico do que com as cópias mais recentes no
grego.
SEGUNDO ERRO: O NT CITA A SEPTUAGINTA GREGA
RESPOSTA:
Na realidade, isto nada prova pois é uma tendência
APENAS dos manuscritos gregos. Os
manuscritos em hebraico e aramaico tendem a
concordar com o texto masorético e com o Tanach em
Aramaico da Peshitta.
TERCEIRO ERRO: O ESTUDIOSO `FULANO-DE-TAL' DEFENDE
O GREGO
RESPOSTA:
Isto também nada prova, pois muitos estudiosos
também defendem que o NT foi escrito em
hebraico/aramaico. Devemos basear nossas conclusões
em fatos concretos e não meramente em
opiniões.
QUARTO ERRO: LUCAS ERA GREGO E CERTAMENTE ESCREVEU
EM GREGO
RESPOSTA:
Na realidade, Lucas era sírio (vide Hist. Ecl. 3:4
de Eusébio), logo sua língua nativa teria sido um
dialeto do aramaico.
QUINTO ERRO: O EVANGELHO DE LUCAS E ATOS FORAM
ESCRITOS PARA UM
GREGO CHAMADO `TEÓFILO'
RESPOSTA:
Na realidade, Teófilo não era grego. Teófilo foi
um sumo-sacerdote judeu entre 37-41 DC, de acordo
com o historiador Flavius Josephus (Ant. 18:5:3).
Alguém como Lucas, que falava um dialeto do
aramaico como língua materna, e que ainda por cima
era convertido ao Judaísmo, escrevendo ao
sumo-sacerdote, certamente escreveria em aramaico.
SEXTO ERRO: O GREGO ERA LÍNGUA COMUM AOS JUDEUS
DAQUELA ÉPOCA
RESPOSTA:
Novamente, isto contradiz os relatos históricos. O
historiador judeu Flavius Josephus (37~100 DC)
testifica que o hebraico era a língua dos judeus
do primeiro século. Além disto, ele atesta para o fato
de que em sua época e local falava-se o hebraico.
Para se ter uma idéia da importância histórica de
Josephus, ele é o único a fazer um relato em
primeira mão da destruição do Templo em 70 DC. De
acordo com Josephus, os romanos tiveram que
fazê-lo traduzir a ordem de rendição "para a própria
língua deles" (Guerras 5:9:2). Josephus ainda
por cima fez a seguinte declaração interessantíssima:
"Tem também sido doloroso para mim obter o
aprendizado dos gregos, e o entendimento da língua
grega. Porém estou tão acostumado a falar minha
própria língua que eu não consigo pronunciar o
grego com exatidão suficiente: pois a nossa nação
não encoraja àqueles que aprendem as línguas de
muitas nações." (Ant. 20:11:2)
Portanto, Josephus deixa claro que os judeus do
primeiro século não falavam nem entendiam o
grego, mas sim a "própria língua deles".
O que Josephus relatou também foi confirmado por
arqueólogos. As moedas de Bar Kochba são um
exemplo. Estas moedas foram feitas pelos judeus
durante a revolta de Bar Kochba (cerca de 132
DC). Todas estas moedas trazem apenas inscrições
em hebraico. Outras incontávies inscrições
encontradas na área do Templo, em Massada, túmulos
judaicos, etc. tem sempre revelado inscrições
E a mais profunda evidência de que a língua
hebraica era a língua corrente em Israel no primeiro
século pode ser encontrada em documentos daquela
época, que tem sido descobertos em Israel. Os
manuscritos do mar morto consistem em 40.000
fragmentos de mais de 500 pergaminhos datando de
250 AC a 70 DC. Estes pergaminhos estão
praticamente todos em hebraico e aramaico. Um grande
número de pergaminhos "seculares"
(não-bíblicos) também estão em hebraico. Isto inclui as cartas de
Bar Kochba, todas em hebraico, à exceção de duas
cartas escritas por gregos que, curiosamente,
pedem desculpas por não estarem escrevendo em
hebraico por não haver nenhum judeu nas
imediações.
Tanto os manuscritos do mar morto quanto as cartas
de Bar Kochba não só são documentos em
hebraico datando do primeiro e segundo séculos,
mas também possuem importantes indícios
lingüísticos de que o hebraico era falado na
época. O hebraico destes documentos é um pouco
coloquial, e mostra claramente um processo
evolucionário entre o hebraico bíblico para o hebraico
mishnaico. Isto sem falar no fato de que as cartas
de Bar Kochba apontam para um dialeto de
hebraico da Galiléia (Bar Kochba era galileu), o
que indica que o hebraico definitivamente não
estava morto.
No que diz respeito às cartas de Paulo aos judeus
da diáspora, a questão é o aramaico. É fato
conhecido que o aramaico permaneceu como língua
dos judeus vivendo na diáspora, e inclusive já
foram encontradas inscrições em aramaico judaico
em Roma, Pompéia e até mesmo na Inglaterra.
(Referência: Proceedings
of the Society of Biblical Archaeology "Note on a Bilingual Inscription in
Latin and
Aramaic Recently Found at South Shields ";
A. Lowy' Dec. 3, 1878; pp. 11-12; "Five
Transliterated
Aramaic Inscriptions" The American Journal of Archaeology; W.R. Newbold;
1926;
Vol. 30; pp. 288ff)
SÉTIMO ERRO: PAULO ERA UM HELENIZADO E ESCREVEU NO
GREGO
RESPOSTA:
Quanto às cartas paulinas, temos que examinar o
pano-de-fundo de Tarso. Será que Tarso era uma
cidade que falava o grego? Será que Paulo aprendeu
o grego lá?
Tarso provavelmente começou como uma cidade-estado
hitita. Cerca de 850 AC, Tarso se tornou
parte do grande Império Assírio. Quando o Império
Assírio foi conquistado pelo Império Babilônio
cerca de 605 DC, Tarso tornou-se parte do último.
Por fim, em 540 DC o Império Babilônio,
inclusive Tarso, foi incorporado ao Império Persa.
E qual era a língua destes três grandes impérios?
O aramaico!
Portanto, por volta do primeiro século, a língua
de Tarso continuava a ser o aramaico. Moedas de
Tarso encontradas por arqueólogos, inscritas em
aramaico, confirmam esta tese.
Isto sem falar no fato de que não sabemos nem se
Paulo de fato passou alguma parte da vida em
Tarso. Comparemos as expressões `criado em...' de
Atos 22:3 com Atos 7:20-23, que se refere a
Moshe. Paulo pode ter chegado em Jerusalém ainda
bebezinho.
Seja como for, Paulo passou a maior parte de sua
vida em Jerusalém, onde foi criado como fariseu, o
que assegura que de helenizado ele não tinha nada.
FIM DA PRIMEIRA PARTE
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