Há conflito entre ambos?
Leis?
Creio que a grande maioria das pessoas já
deve ter tido problemas para entender a correta
relação
existente entre o “Novo Testamento” e a “Lei”.
Imagine uma pessoa, daqui a mais de dois
mil anos à nossa frente, no ano de 4040, que pegasse
nossos
textos e visse os seguintes exemplos do
português com a palavra “Lei” e como ela imaginaria a
utilização
de cada uma delas:
“Um bom cidadão deve cumprir a lei”
algo como constituição, código civil, ou lei que regule a sociedade;
“A Lei da Gravidade fez com que a bola
caísse rapidamente”
uso da palavra lei para um fenômeno natural;
“Toda segunda-feira eu me aborreço com meu chefe.
É Lei de Murphy!”
expressão humorística;
“Essa cadeira é feita de madeira de lei”
significa madeira de qualidade;
“Esse texto viola as leis da gramática”
regras para o bom uso da língua portuguesa;
“Os preços sempre baixam nessa época do
ano. É a lei da oferta e da procura.”
para se referir a um fenômeno social.
Imaginem esta pessoa, mais de dois mil anos
adiante, pegasse estas seis formas da palavra “Lei” e tentasse entender como sendo “uma coisa só”. O que
adiante, pegasse estas seis formas da palavra “Lei” e tentasse entender como sendo “uma coisa só”. O que
vocês acham que iria acontecer com esta pessoa? Certamente esta pessoa iria entrar em
parafuso,
exatamente como nós atualmente entramos
muitas vezes, quando lemos o chamado “Novo
Testamento”
e não entendemos as diferentes aplicações
da palavra “Lei” ali existentes.
Sábio conselho
Seguindo alguns dos conselhos de um dos
mais renomados professores das Escrituras, o
rabino
analistas/exegetas do judaísmo. Ele criou
um sistema de interpretação das escrituras que ficou
conhecido
como as “leis de Hillel”, onde duas destas
leis são aplicáveis ao que estamos analisando:
•A analogia deve ser feita a partir de outra passagem ou “Cayotse bo mimekom achar”;
•A explicação é sempre obtida a partir
do contexto ou “Davar hilmad me'anino”.
Estas duas leis estão na introdução deste
livreto por que vamos utilizar ambos os conceitos de
Hillel ao
longo deste estudo. Deve se notar que estas também são encontradas em outras técnicas de
exegese e
hermenêutica, não sendo este conceito necessariamente exclusivo do judaísmo.
A primeira das técnicas diz que: se há duas passagens que estão em aparente
contradição, então é muito provável que encontre a
resposta em uma 3ª passagem ou no contexto de uma das
passagens. Basicamente as “escrituras
interpretam as escrituras”. Então, se eu tenho duas
passagens
com “aparente contradição”, como por
exemplo, uma no chamado “Novo Testamento” e outra no “Antigo
Testamento”, a solução não é “classificar”
que há um “conflito” entre elas, mas sim buscar
harmonizar as
Escrituras. E isto é um conceito
importantíssimo, pois procurar conciliar as passagens das
Escrituras deve
ser o objetivo principal: neste exemplo,
como harmonizar o “Antigo Testamento” com o “Novo
Testamento”? A segunda técnica tem a ver
com a primeira: é a explicação obtida do
contexto. Isto
também não é exclusivo judaico. Para
entender a passagem é preciso entender o contexto onde
esta
passagem se encontra. Por exemplo, se
utilizarmos uma das cartas de Paulo, que é a fonte das
passagens onde encontramos as maiores controvérsias relacionado com a questão da “Lei”,
ao
utilizar uma destas cartas, nós temos de
entender:
•Quem estava escrevendo;
•Quem estava escrevendo;
•Por que esta pessoa estava escrevendo;
•Para quem estava escrevendo;
•Qual era o “pano de fundo” na qual esta pessoa estava inserida;
•Qual o “pano de fundo” do público para a qual esta carta estava inserida; e assim
por diante.
Basicamente temos que entender todo o “conceito
do contexto” que está por detrás desta
passagem. O
objetivo deste artigo será explicar o
conceito da palavra “Lei” através da realidade
existente à época
do “Novo Testamento”. Apresentaremos o
significado desta palavra em cada uma das diversas
passagens,
bem como o que cada uma delas se refere exatamente nestes versículos.
Forma de ver
Um equívoco relativamente comum a quase
todos, é “projetarmos a nossa realidade” como forma
de
analisarmos outra realidade qualquer. Ou
seja, através da “nossa forma de ver”, tentamos “modelar”
o que aconteceu em épocas distantes, com
povos e costumes diferentes, procurando transformar
aquela
realidade para algo a que nós estamos
acostumados e vivemos nos dias de hoje. Um exemplo é o
acesso
que todos temos aos livros atualmente. Não
nos atemos ao fato que a invenção de Gutenberg,
que
viabilizou a impressão dos livros,
aconteceu apenas em 1439. Da mesma forma não consideramos
que a
alfabetização de grande parte da população
é uma conquista do século XX. O fato é que, na
época de
Yeshua, as Escrituras eram copiadas de
forma artesanal e apenas pelos professores das
Escrituras,
trabalho que demandava mais de cinco anos
para cada cópia ser feita, escritas em pele de
carneiro e a
pena.
As Escrituras
Outro equívoco corrente é que nos “esquecemos”
de quais eram as Escrituras que todos tinham
acesso na
época de Yeshua e os apóstolos: os rolos da
Palavra compreendiam os livros de “Gênesis a
Malaquias”
exclusivamente. Quando lemos hoje um texto do “Novo
Testamento”
que faz referência às Escrituras, abrangem
apenas estes livros, como podemos ver em Lucas 4:
16. Chegando a Nazaré, onde fora criado;
entrou na sinagoga no dia de Shabat, segundo o seu
costume, e levantou-se para ler. 17 Foi lhe entregue o livro do profeta Yeshayahu (Isaías); e abrindo o, achou o lugar em que estava escrito:
Onde Yeshua passa a pregar Isaias 61:
O Espírito do Eterno está sobre mim,
porquanto me ungiu para anunciar Boas Novas aos pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos cativos,
visão aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
Alguns dos inúmeros exemplos existentes nas Escrituras:
Alguns dos inúmeros exemplos existentes nas Escrituras:
Mateus 4:04.
Mas Yeshua lhe respondeu: Está escrito: Nem
só de
pão viverá o homem, mas de toda palavra que
sai da
boca do Eterno.
Deuteronômio 8:18.
...para ensinar-te que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor,
disso vive o homem. Mateus 4:10.
Então ordenou-lhe Yeshua: Vaite, Satan; porque está escrito: Ao Eterno teu Elohim adorarás, e
só a ele servirás. Deuteronômio 6:13.
... O Senhor teu Elohim temerás e a Ele
servirás, e pelo Seu Nome jurarás. Marcos 11 01. [idem Mateus 21:13].
E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de
E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de
oração? Mas vós a tendes feito covil de
ladrões.Isaías 56:07.
...e os alegrarei na minha casa de oração; ...porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Jeremias 7:11.
...e os alegrarei na minha casa de oração; ...porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Jeremias 7:11.
Esta casa que é chamada do meu nome,
porventura se tornou aos vossos olhos um covil de
ladrões? Eis que eu, eu o vi, diz o Senhor. Gálatas 4:01.
Porque está escrito: Alegrate, estéril, que não dás à luz; Esforçate e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do
que os da que tem marido. Isaías 54:01.
Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada...
Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada...
Romanos 1:17.
Porque nele se descobre a justiça do Senhor de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
Porque nele se descobre a justiça do Senhor de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
Habacuque 2:04.
Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.
Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.
Romanos 3:04.
De maneira nenhuma; sempre seja Elohim verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como
está
escrito: Para que sejas justificado em tuas
palavras, E venças quando fores julgado.
Salmos 116:11.
Dizia na minha pressa: Todos os homens são mentirosos. 51:4. ...e fiz o que é mal à
tua vista, para
que sejas justificado quando falares, e
puro quando julgares.
Romanos 4:17.
(como está escrito: Por pai de muitas
nações te constituí) perante aquele no qual creu, a
saber,
Elohim....
Gênesis 17:05.
E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de
muitas
nações te tenho posto;
2ª Cor 8:17.
2ª Cor 8:17.
como está escrito: Ao que muito colheu, não
sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.
Êxodo 16:18.
Porém, medindo o com o ômer, o que muito colheu,
não sobrou; e ao que pouco colheu, não
faltou.; cada um colheu tanto quanto podia comer.
A outorga da Torah
Quando falamos de “Lei” com relação a
Torah, os cinco primeiros Livros das Escrituras ou
Pentateuco,
devemos compreender que a palavra “Lei”
aqui utilizada não significa a lei no conceito
jurídico de
caráter obrigatório da sociedade. Mas um
conjunto de instruções que o Eterno nos deu, ensinos
para uma
existência que vivêssemos de forma santa,
pois Ele disse: “Sede santo por que Eu Sou Santo”!
Portanto,
Ele nos deu um conjunto de instruções/leis
para que, por meio delas, pudéssemos viver de acordo
com a
moral dEle. Isto que é chamado de Torah, as instruções dadas para que possamos ter uma
vida de santidade.
Uma Ketubá para o povo
do Eterno
A Torah foi dada no Sinai por Moises, e
representa um verdadeiro contrato de casamento entre
Israel e o
Eterno. Para entendermos o conceito
completamente, é necessário explicarmos que no casamento
israelita,
normalmente temos os seguintes elementos:
um noivo, uma noiva e um contrato de casamento ou “Ketubá”.
Neste contrato estão escritas todas as
obrigações matrimoniais a que as partes se submetem;
na Ketubá
há toda a referência, por exemplo, que o
marido deve honrar a esposa, a esposa deve ser amorosa,
que
ambos devem ser compreensivos apoiando um
ao outro, viver de acordo com os preceitos da
Bíblia, criar
um lar judaico etc. Destaco que este
contrato é voluntário, onde cada uma das partes
manifesta sua
vontade de seguir tais regras, não é algo
imposto por terceiros e contrário as suas vontades.
•Quando o povo esteve ao pé do Sinai, da mesma forma, o que ocorreu foi um casamento.
•Quando o povo esteve ao pé do Sinai, da mesma forma, o que ocorreu foi um casamento.
•O Eterno chegou a Israel e falou: “vocês
querem se casar comigo?” E Israel, ao aceitar este
casamento
israelita, aceitou o contrato/Ketubá que
foi a Torah.
•Da mesma forma que o exemplo anterior,
notase que foi feito uma proposta e, por livre
manifestação,
foi aceita. NADA foi imposto. É importante que tenhamos esta analogia do casamento israelita, pois será utilizado
mais adiante.
Moises e os Anciãos
Outro equívoco muito frequente é pensar que
um contrato pode ter um texto tão detalhado,
que seja
capaz de abranger cada uma das mais
variadas situações cotidianas, explicando de forma
minuciosa e
nos mais intrínsecos detalhes absolutamente
todas as variáveis possíveis e imagináveis. Como no
casamento, através do seu “contrato ou
Ketubá”, nele não está especificado absolutamente tudo
que
exatamente cada um dos mínimos detalhes de “como vai e o que vai ocorrer” na relação do
casal. Temos ali
apenas as diretrizes gerais e as mais
relevantes.
Qual a função dos Anciãos?
Qual a função dos Anciãos?
De certa forma, a Torah também é um “conjunto
de diretrizes mestras”, como se fosse uma “constituição”.
Por isto que, muitas vezes, é necessário à
ajuda de alguém muito mais experiente em Torah para
sabermos como aplicar a Torah nas nossas
vidas. E esta era a função de Moises, bem como dos
anciões
que ele delegou, tinham para com o povo.
Ensinando o povo à correta forma de “como viver” de
acordo com os preceitos da Torah, ou seja, não só o
conteúdo da própria Torah, mas também a ordem da
precedência dos mandamentos e preceitos, uns sobre os
outros. Este é, por exemplo, o que aconteceu quando
Yeshua coloca o preceito de guardar o Shabat aos
fariseus, perguntando se por acaso não salvariam um
animal que caísse no Shabat. Yeshua estava dizendo
que o preceito da preservação da vida é superior
ao da observância de não trabalhar no Shabat.
A Torah tem uma
classificação, uma ordem de importância,
não é um monobloco
Esta é uma idéia do judaísmo que se perdeu
no cristianismo, onde todo o pecado é “igual”,
sendo que
isto não é bem assim. Claro que todo o ato
de pecar tem sempre como resultado o nosso
afastamento do
Eterno, sendo esta consequência igual.
Porém o ato de “falar mal” do meu amigo não tem o mesmo
peso
de “pegar uma metralhadora e fuzilar crianças
em uma escola”. Naturalmente que uma coisa é
muito
mais grave que a outra. Sendo a Torah uma constituição, cujos preceitos têm
precedência umas
sobre as outras, às vezes estes mesmos
preceitos podem entrar em aparente conflito,
principalmente no
mundo que vivemos que não se preocupa muito
com a Torah. Por exemplo: uma pessoa está
passando
fome e recebe oferta de um emprego em que
precise trabalhar no Shabat, possibilitando acabar
com a
fome e sustentar sua família, deve aceitálo ou não, mesmo que em caráter temporário, devido ao
Shabat? De um lado há o preceito da
preservação da vida mais a obrigação do sustento da nossa
família e
do outro lado o mandamento do Shabat.
Outro exemplo: a circuncisão é feita ao 8º dia, mas se ele cai no Shabat. Deve ser feita à circuncisão ou deve aguardar o final do mesmo? Ou ainda: a Torah fala que não podemos comer animais impuros. Mas no caso de fome na terra.
Outro exemplo: a circuncisão é feita ao 8º dia, mas se ele cai no Shabat. Deve ser feita à circuncisão ou deve aguardar o final do mesmo? Ou ainda: a Torah fala que não podemos comer animais impuros. Mas no caso de fome na terra.
Podemos ou não comêlos?
Para esta série de questões, Moises estabeleceu um conselho de anciões cujo objetivo era que pudessem
ensinar o povo a viver de acordo com a Torah.
Como a Torah foi passada pelo Eterno similar a uma constituição, foi necessário estabelecer uma forma de
Como a Torah foi passada pelo Eterno similar a uma constituição, foi necessário estabelecer uma forma de
orientação para que as pessoas pudessem
viver dentro dela, desde aqueles tempos iniciais.
Governando com a Torah:
a Halachá
O concílio de anciões tinha também a função
de julgar as causas do povo. Ao analisar a Torah,
percebemos a presença de muitos preceitos relacionados
à: restituição, o que fazer quando um peca
contra o
outro, qual o tipo de punição, tipo de
restituição, o que deve ser feito para que uma pessoa possa
ser
considerada culpada perante a sociedade,
entre tantos outros. Com isto, uma das funções
dos anciões
era também julgar as causas baseados na
Torah.
Portanto, ensinavam a viver em conformidade com os preceitos da Torah que haviam aceitado
Portanto, ensinavam a viver em conformidade com os preceitos da Torah que haviam aceitado
espontaneamente no Sinai. E julgavam as
causas do povo, ambos conforme estipulava a Torah.
Receberam
o nome de “Beit Din” que significa “Casa de Julgamento”, cuja responsabilidade e função
era
justamente explicar ao povo como deveria
viver, além de julgar as causas do povo. A chamada “Halachá”,
que significa literalmente “caminhar”,
surgiu como desdobramento destas funções. Ou, em um
sentido
mais abrangente, seria como deveríamos
caminhar dentro da Torah.
A Halachá é formada, portanto, da forma que
os nossos sábios nos ensinaram de que deveria
ser este
caminhar em nossas vidas.No modelo da
figura ao lado, temos o padrão estipulado pelo
Eterno,
outorgando a Torah ao povo, sendo que cabia
aos mestres o “apoio” ao povo na observância da
Torah.
Este “apoio” é denominado de Halachá. A
Halachá era algo que não necessariamente era fixo,
podendo ser
mutável. Seria similar ao conceito atual da “jurisprudência”, na qual decisões
anteriores de tribunais superiores auxiliariam e
ofereceriam diretrizes aos demais tribunais
subordinados, bem
como as pessoas sujeitas a sua autoridade,
de como elas deveriam decidir sobre a questão,
lastreados pela
interpretação feita sobre os preceitos da
sociedade.
Possui um caráter “mutável” ou “renovável”,
pois a jurisprudência aplicável nas circunstancias
do século
passado não necessariamente continua sendo compatível com as questões dos tempos
atuais. Da
mesma forma, a Halachá também deve ter esta característica, pois cumprir a Torah como
era feita a
cerca de três mil anos passados dentro de
Israel não é a mesma coisa que cumprila hoje no Brasil.
Ambas as realidades são tão distantes que
as mudanças desta magnitude requerem também
transformações na Halachá. A Halachá também
não possui o “peso de Lei”, ela é a
interpretação do povo,
através dos seus anciãos, de como se
entende a “Lei”.
Esta é a grande diferença: os anciões
sabiam que a Halachá não é “Lei”. Se você não for de
encontro a
Halachá, não há o mesmo peso de pecar, no
sentido de violar a Torah. Este é um modelo
bíblico, conforme
referência inicial feita por Jetro, sogro
de Moises, que sugere este modelo administrativo. E também
há a
mesma questão, em Deuteronômio, onde Moises ensinava os lideres das tribos e também
estes
passavam adiante tal modelo.
O exílio babilônico
Quando o povo foi para o exílio babilônico,
estava sendo perseguido e havia a preocupação
muito
grande com a preservação do judaísmo. Havia
um problema, pois o judaísmo enquanto religião
era
totalmente centrada nas atividades do
tabernáculo. A partir da outorga da Torah no Sinai, houve
o
tabernáculo como cerne da vida religiosa
judaica, passado depois para o Templo de Salomão
após sua
construção em Jerusalém.
Redefinir para preservar
Durante o exílio babilônico houve a
destruição do Templo. Aliado a isto houve também o exílio
do povo,
o qual não estava mais em Israel, sendo
este um preceito também muito importante para a
prática do
judaísmo como era concebido então. Diante
deste cenário, os lideres do povo concluíram ser
necessário
redefinir a religião como era conhecida,
encontrando um novo centro de apoio onde pudessem
sobreviver
durante o exílio, sem que permanecesse
dependente do sistema do Templo, que fora destruído.
Entre rabinos e
sinagogas
Surgi como alternativa a implantação da
sinagoga como local de orações, em substituição ao
modelo
baseado em culto no Tabernáculo e no
Templo. Para entender melhor a concepção da sinagoga
como
alternativa, podemos verificar que quase
todos os elementos presentes na sinagoga têm
referência
direta ao Templo de Jerusalém, como se
fosse um mini Templo ou uma lembrança direta deste.
Com este novo modelo alternativo, as
sinagogas passaram a ser o novo centro da vida
religiosa judaica.
Nestas encontramos a “bimah” ou local onde
se apoia a Torah, referindose ao Altar do Templo; há ainda a
“harona hackodesh”, onde é guardado a
Torah, em referencia ao Santo dos Santos; o “Kadosh
Kadoshim”
para a Arca da Aliança; e a “luz continua”
da “Menorah” ou candelabro de sete pontas. Todo o
serviço da
sinagoga também remonta o serviço que era
prestado no Templo, como é no caso do Sidur ou livro
de rezas
judaicas, sendo distribuídas de acordo com
aquilo a que o Templo tinha por referência:
sacrifícios da tarde,
sacrifícios da manha, limpezas das cinzas
do altar. Concluindo, todo o modelo das sinagogas foi
desenvolvido para que o povo tivesse o
Templo como referencial, como seu centro de vida
religiosa, apesar
de estarem há anos no exílio, com o
objetivo de preservar o judaísmo. Neste contexto, a
figura do
rabino surgiu tal qual o conceito moderno
da palavra, onde estes são mestres nas leis da Torah e
também
nos costumes que o povo israelita tinha.
Dentro deste novo formato, a linha que separavam os “costumes”
e
“as leis” começou a se atenuar a partir
desta época.
À medida que o tempo passava e os rabinos
iam se sucedendo, os costumes e as leis passaram a
se
tornar cada vez mais uma coisa só.
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