terça-feira, 5 de março de 2013

As Línguas do Novo Testamento – Parte II


 - INTRODUÇÃO
Neste artigo, continuaremos a provar que o Aramaico é de fato o idioma no qual o Brit Hadasha
(Novo Testamento) foi originalmente escrito. Futuramente, pretendo complementar este trabalho
com número ainda maior de evidências.
2 - POLISEMIA – O GRANDE `TRUNFO'
A Polisemia é um indício linguístico tão forte, mas tão forte, que somente ele já seria suficiente para
provar que o grego não é o texto original. Mas, em que consiste a polisemia? Um pequeno exemplo
simples ajudará a entender este conceito. Considere que estamos pesquisando manuscritos em
português e em inglês para verificarmos qual é o original. Considere que temos três manuscritos:
- Um manuscrito em português possui a frase "É uma gravata"
- Outro manuscrito em português, ao invés disto, diz: "É um empate"
- O manuscrito em inglês diz: "It´s a tie"
Qual deles é o manuscrito original? Posso afirmar sem medo de errar que é o manuscrito em inglês.
Por que? Porque a palavra `tie' pode ser traduzida tanto como `gravata' quanto como `empate',
dependendo do contexto. Se um dos manuscritos em português fosse o original, não haveria como
explicar a existência da variante. A única possibilidade plausível é a de que o original em inglês foi
traduzido por uma pessoa como `gravata' e por outra como `tie'. Este é o conceito da POLISEMIA:
uma palavra que gera diferentes traduções dependendo do manuscrito.
Isto posto, é importante ressaltar que exitem DEZENAS de exemplos de polisemia do aramaico para
o grego. Principalmente pelo fato das línguas semitas possuírem como característica o ter poucas
palavras com muitos significados diferentes. Em alguns casos, chegamos a ter mais de cinco
diferentes manuscritos no grego, e a palavra na Peshitta aramaica poderia ser traduzida como
qualquer uma das cinco, tornando-se portanto evidente a originalidade do aramaico. Vejamos
alguns exemplos de polisemia:
1) Em 1 Coríntios 13:3, em alguns manuscritos no grego encontramos a palavra `queimar', em outros
a palavra `vangloriar'. No Aramaico, a raiz é a mesma para ambas as palavras.
2) Em Mateus 16:16, os manuscritos gregos Bizantino e de Alexandria ambos dizem `D-us da vida',
enquanto o Codex Bezea diz `D-us da salvação'. No Aramaico, a palavra `vida' é também usada no
sentido de salvação
3) Em 1 Pedro 3:13, alguns manuscritos do grego trazem `zelosos' enquanto outros trazem
`imitadores'. A raiz no Aramaico é a mesma para ambas as palavras.
4) Em Apocalipse 2:20, alguns manuscritos do grego trazem `tolerar' enquanto outros trazem `sofrer'.
A raiz no Aramaico é a mesma para ambas as palavras.
5) Em Efésios 1:18, alguns manuscritos do grego (Alexandrinos) trazem `coração' enquanto outros
(Bizantinos) trazem `entendimento'. A razão é uma expressão idiomática do Aramaico, pois a
expressão `olhos do coração' quer dizer `entendimento'.
6) Em Lucas 11:49, a maioria dos manuscritos do grego trazem `expulsar' enquanto o Textus
Receptus traz `perseguir'. A palavra no Aramaico possui ambos significados.
3 - POESIA, QUIASMOS E TROCADILHOS NO TEXTO
Outro indício forte da origem semita do Novo Testamento são as estruturas poéticas presentes nos
textos bíblicos. Alguns trechos evidenciam nítidamente poesias e trocadilhos. Como exemplo de
poesia temos (não será explicitado aqui porque demandaria muito trabalho). Um exemplo


interessantíssimo de trocadilho é o de Atos 9:33-34. Neste texto, um homem chamado Aneas é
curado. Ora, `Aneas' vem da raiz do Aramaico `anah' que quer dizer `afligido'. Quando Pedro fala
com ele, não repete o nome, mas sim diz `Homem aflito, Yeshua HaMashiach te cura'. Este
trocadilho é completamente perdido no grego, que traduz ambas as ocasiões como sendo o nome do
homem em questão.
4 - ERROS TEOLÓGICOS NO GREGO, INEXISTENTES NO ARAMAICO:
Alguns trechos no texto grego possuem erros teológicos sérios, que resultam da tradução errada do
Aramaico. Como exemplo, podemos citar:
1) Nos evangelhos, encontramos uma menção a Simão, o Leproso (???) no texto grego (Mt. 26:6 e
Mc. 14:3). O problema é que seria impossível um leproso viver dentro de Betânia. A explicação está
no Aramaico. As palavras que indicam `leproso' e `fabricante de jarros' são semelhantes no Aramaico
(Gar'ba = leproso e Garaba = fabricante de jarros). Uma vez que o Aramaico é escrito sem vogais, as
duas palavras são escritas de forma idêntica. Repare que logo na sequência há uma mulher trazendo
um jarro. A conclusão é óbvia: Simão era fabricante de jarros, e não leproso.
2) O livro de Atos (8:27) no grego fala da história de Filipe e um eunuco. Ora, o problema é que o tal
eunuco está à caminho de Jerusalém, para adorar a D-us. Ou seja: estava indo ao Templo. Ora, um
eunuco não só não seria aceito como prosélito do Judaísmo, como jamais seria permitido entrar no
Templo. Mais uma vez, a resposta está no Aramaico: a palavra usada para `eunuco' pode também
significar `crente em D-us' (no Aramaico: M'Haimna). Ou seja, o "eunuco" em questão não era um
eunuco, mas sim uma pessoa que temia ao D-us de Israel.
5 - ERROS HISTÓRICOS DO GREGO, INEXISTENTES NO ARAMAICO:
1) Um grande erro histórico que há nos manuscritos gregos é chamar de `mar' alguns lagos de Israel,
como o de Galil (conhecido popularmente como `mar da Galiléia'). Este erro é motivo de piada entre
os ateus, que questionam uma possível falta de conhecimento de geografia da parte de D-us. No
Aramaico, a palavra `Yamah' pode ser usada tanto para mares quanto para lagos ou grandes porções
de água, tais como o lago de Galil em questão.
2) Outro grave erro histórico está na genealogia de Yeshua. A genealogia em Mateus (no grego) não
só difere da de Lucas, como diz terem havido 14 gerações após Bavel e cita apenas 13 (???). Isto é
facilmente resolvido pelos manuscritos no Aramaico, que não contém este erro. A explanação em
detalhes será feita em outro artigo, visto que é um tanto o quanto extensa.
3) O livro de Atos, capítulo 11 cita uma fome no mundo inteiro, a qual motiva os líderes da igreja a
pedir ajuda em Antioquia aos seguidores da região de Yehudah (Judá). Ora, se a fome era mundial,
isso não faz o menor sentido, pois como poderiam os de Antioquia ajudar? A resposta está no
aramaico, pois a palavra `Era' (em hebraico `Eretz') é usada nas Escrituras tanto para denotar o
mundo todo quanto para denotar a terra prometida. Portanto, a fome era em Israel e não no mundo.
6 - CONTRADIÇÕES NO GREGO, D-US NÃO CONHECE SUA PRÓPRIA PALAVRA?
Uma evidência bem grave contra os manuscritos gregos é o fato de haverem contradições entre os
mesmos e o Tanach (Primeiro Testamento): detalhes pequenos que poderiam até passar
desapercebidos aos olhos da grande maioria, mas que fazem diferença. Embora tenham havido
tentativas, ninguém é capaz de explicar de forma convincente os dois erros abaixo, que NÃO
aparecem no Aramaico:
1) Mateus 27:9 cita Zacarías 11:12-13 mas diz que o texto é de Jeremias. Que gafe! Será que D-us
não conhece a própria palavra? O Aramaico diz apenas algo do tipo `assim disse o profeta', sem citar
nomes.
2) Marcos 2:26 no grego cita a `Abiatar' como sendo o sumo sacerdote nos tempos do rei David.
Contudo, 1 Samuel 21:1 e 22:20 dizem que Aimeleque, pai de Abiatar, é que era o sumo sacerdote.
Furo de quem traduziu para o grego, pois o Aramaico não contém este problema!
7 - ERROS CAUSADOS POR TRADUÇÃO ERRADA DO ARAMAICO:
Algumas frases no Novo Testamento no grego chegam a ser cômicas, de tão estranhas. Quando
analisamos a raiz da palavra no aramaico, vemos nitidamente a razão de tal confusão. Eis alguns
exemplos:
1) Você já tentou passar um camelo por uma agulha? Pois é, acontece que nosso tradutor para o
grego fez uma grande confusão em (Mt. 19:24, Mk. 10:25 e Lc. 18:25). A palavra em questão, no
aramaico, é `Gamla'. Da forma como é escrita (sem vogais pois o Aramaico não possui vogal), pode
tanto indicar `camelo' quanto `corda'. A última opção é obviamente a melhor: `mais fácil passar uma
corda por uma agulha… '
2) Você já salgou alguma coisa com fogo? No entanto, Marcos 9:49 no grego fala em `salgar com
fogo' (???). O problema é que a palavra que é usada para `salgar' também pode ser usada para
`pulverizar (no sentido de destruir)', que obviamente faz muito mais sentido neste caso. O tradutor do
grego foi influenciado pelo texto sobre o sal da terra, que vem logo a seguir mas que nada tem de
relação com esta frase.

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